quinta-feira, 7 de maio de 2009

PERFIL AMBIENTAL DAS LAGOAS DO NORTE FLUMINENSE.

1 - INTRODUÇÃO:
A região Norte Fluminense, atualmente teve a sua paisagem muito alterada devido as sucessivas obras de drenagem realizadas por órgãos públicos e privados para uso da lavoura canavieira, pastagens e expansão urbana. A região é documentada desde o ano de 1767 onde através do mapa de Manuel Vieira Leão (carta topográfica do Rio de Janeiro)foi feito o primeiro registro cartográfico do Norte Fluminense, outros mapas que se destacaram no período inicial de ocupação da região foram: o mapa do Capitão Manuel Martins do Couto Reis (1785), mapa de Antonio Joaquim de Souza e Jacintho Vieira do Couto Soares (1849)e o mapa de Pedro D'Alcântara Bellegarde e Conrado Jacob de Niemeyer (1865).
A partir do final do século XIX e início do século XX, aconteceram os primeiros levantamentos topográficos utilizando maior precisão e técnica, os mapas a seguir são da comissão de saneamento do estado do Rio de Janeiro e de Alberto Lamego, que retratam a região no início do século XX. Neles é possivel observar grande quantidade de lagoas.


Fonte: Comissão de Saneamento do Estado do Rio de Janeiro (1934).



Fonte: Alberto Lamego (Geologia das quadriculas de Campos, São Tomé, Lagoa Feia e Xexé, Boletim DNPM nº 154, 1955).

2 - O ESTADO DO RIO JÁ TEVE O SEU PANTANAL:
Quando chegaram, os portugueses encontraram a bacia hidrográfica da lagoa Feia constituída por diversos canais perenes e sazonais. Na época das chuvas, no verão, os rios transbordavam, inundando as planícies adjacentes e ampliando o espelho de mais de uma centena de lagoas, unidas por uma intricada rede de canais e brejos rasos. O grande volume de chuvas e a pouca declividade dos terrenos criavam as condições favoráveis à inundação. Rios, canais, lagoas e brejos formavam imenso pantanal e, assim, deveriam permanecer por longos meses, esvaziando-se quando a força das águas descarregadas da Lagoa Feia por um sistema de canais e concentradas em uma lagoa na restinga, rompiam a faixa de areia escoando para o mar o volume excedente acumulado. Com base em relatórios, em mapas antigos e atuais e em levantamento de campo, acredita-se que havia na bacia hidrográfia da Lagoa Feia cerca de 106 lagoas, sendo quatro no setor norte, cinco no setor oeste, oitenta e três na planície aluvial e quatorze na restinga.

2.1 LAGOAS DO SETOR NORTE DA LAGOA FEIA:
- Lagoa de Cima.
- Lagoa do Pau Funcho.
- Lagoa do Piri-Piri.
- Lagoa do Timbó.

2.2 LAGOAS DO SETOR OESTE DA LAGOA FEIA:
- Lagoa do Policarpo.
- Lagoa do Mutum.
- Lagoa da Nova Esperança.
- Lagoa da Taquara.
- Lagoa da Cruz.

2.3 LAGOAS DA GRANDE PLANÍCIE ALUVIAL:
- Lagoa de Cacumanga.
- Lagoa do Saco.
- Lagoa da Vista Alegre.
- Lagoa Santa Cruz.
- Lagoa de São José.
- Lagoa do Cantagalo.
- Lagoa Grande.
- Lagoa da Caraca.
- Lagoa do Lagamar.
- Lagoa da Piabanha.
- Lagoa da Frecheira.
- Lagoa do Isidoro.
- Lagoa de Jesus.
- Lagoa da Concha.
- Lagoa do Câmara.
- Lagoa do Capim.
- Lagoa do Barata.
- Lagoa do Curimatá.
- Lagoa da Carioca.
- Lagoa Vermelha.
- Lagoa do Capão dos Porcos.
- Lagoa do Lucindo.
- Lagoa Segunda Grande.
- Lagoa das Colhereiras.
- Lagoa do Sussunga.
- Lagoa do Tambor.
- Lagoa da Janjuca.
- Lagoa Rasa.
- Lagoa do Pinão.
- Lagoa da Aboboreira.
- Lagoa das Conchas.
- Lagoa do Açuzinho.
- Lagoa da Goiaba.
- Lagoa da Restinga.
- Lagoa dos Coqueiros.
- Lagoa do Capado.
- Lagoa do Sabão.
- Lagoa do Tucum.
- Lagoa do Baixio.
- Lagoa do Salgado.
- Lagoa do Caboclo.
- Lagoa da Cutia.
- Lagoa de Dentro.
- Lagoa do Fabrício.
- Lagoa do Ludovico.
- Lagoa de Fora.
- Lagoa da Frente.
- Lagoa da Vassoura.
- Lagoa do Russo.
- Lagoa Ostra de Fora.
- Lagoa Terceira Grande.
- Lagoa das Cruzes.
- Lagoa do Ciprião.
- Lagoa do MUlaco.
- Lagoa do Capim.
- Lagoa Seca.
- Lagoa do Pau Grande.
- Lagoa de Bananeiras.
- Lagoa dos Capões.
- Lagoa de Colomins.
- Lagoa do Jorge.
- Lagoa dos Paus.
- Lagoa de Saquarema.
- Lagoa de Saquarema Pequena.
- Lagoa Restinga Nova.
- Lagoa do Peru.
- Lagoa do Mergulhão.
- Lagoa de Cambaíba.
- Lagoa do Limão.
- Lagoa da Sentinela.
- Lagoa da Fazendinha.
- Lagoa do Furtado ou do Osório.
- Lagoa do Paulo.
- Lagoa do Morcego.
- Lagoa da Capivara.
- Lagoa do Anil.
- Lagoa do Carmo.
- Lagoa da Mandiquera.
- Lagoa Feia (destaque da planície aluvial pelo seu grande tamanho).

2.4 LAGOAS DA RESTINGA:

- Lagoa da Ribeira.
- Lagoa do Luciano.
- Lagoa do Açu.
- Lagoa da Ostra.
- Lagoa Salgada.
- Lagoa do Riscado.
- Lagoa do Quitingute.
- Lagoa do Taí Grande.
- Lagoa do Taí Pequeno.
- Lagoa do Barreiro.
- Lagoa São João.
- Lagoa de Grussaí.
- Lagoa de Iquiparí.
- Lagoa do Veiga.
3 - A LAGOA FEIA DE ANTIGAMENTE:

A primeira descrição da Lagoa Feia, feita por um europeu de que se tem notícia figura no controvertido Roteiro dos Setes Capitães, cuja autoria é atribuída a Miguel Aires Maldonado e José de Castilho Pinto datada de 1632.

" ... seguimos a ver com eles o grande mar d'água doce, como eles lhe chamavam pelo seu idioma; lhes perguntamos se ficava perto, e nos disseram que sim. Poderíamos ter caminhado coisa de meia hora, quando já perto descobrimos o dito mar. Era um grandíssimo lago ou lagoa d'água doce, a qual estava tão agitada com o vento sudoeste, tão crespas suas águas e tão turvas que metiam horror: aonde lhe demos o apelido de Lagoa-feia". (Maldonado e Pinto).



Fonte: Mapa da Comissão de Saneamento do Estado do Rio de Janeiro, 1934.


Fonte: Projeto Planágua Semads/ GTZ e Centro Norte Fluminense para a Conservação da Natureza - CNFCN



Fonte: GÓES, Hildebrando de Araújo, Saneamento da Baixada Fluminense.
3.1 - Afluentes da Lagoa Feia:
* Rio Ururaí:
O mais conhecido alimentador da Lagoa Feia é o rio Ururaí, que a liga à Lagoa de Cima. Ele já é mencionado no Roteiro dos Sete Capitães. Na segunda viagem dos fidalgos, em 1633, o capitão Antonio Pinto proclamou a seus colegas: "Já temos dado apelido a outros lugares, é necessário ir dando a outros também, poís estamos em um país inculto, que está em uma escuridade, é necessário que nós lhe demos a luz da aurora, para os nossos vindouros e para a sua civilização." (MALDONADO E PINTO, 1894 p. 364. Seus companheiros concordaram prontamente. Assim é que topando com um rio que formava um pântano cercado de palma raraí, decidiram emprestar este nome ao curso d'água. Por sua posição, tudo leva a crer que se trata mesmo do rio Ururaí. Couto Reis, mais de um século depois explicou que o rio Ururaí esgota as águas da Lagoa de Cima para a Lagoa Feia, descrevendo um trajeto com grandes meandros, o que tornava a navegação enfadonha.
(Fonte: As Lagoas do Norte Fluminense - Perfil Ambiental - Projeto Planágua/Semads)


RIO URURAÍ - ALIMENTADOR DA LAGOA FEIA - LIGANDO-A TAMBÉM A LAGOA DE CIMA
* 3.2 - Rio Preto:
A Serra do Mar, no Norte-Noroeste Fluminense, sofre uma brusca interrupção nas imediações da garganta por onde passa o rio Paraíba do Sul em direção ao mar. Os rios que nascem na vertente interior da serra desaguam todos eles no maior rio da região. Os que nascem na vertente atlântica correm para a bacia da Lagoa Feia ou diretamente para o mar, com excessão de um: o rio Preto. Seu curso o conduz ao rio Paraíba no qual outrora desaguava, com as cheias deste porém, seu curso era obstruído e desviava-se para o rio Ururaí, do qual atualmente é tributário, mantendo, porém, uma foz facultativa, que pode ser usada como tomada d'água. A tendência natural das cheias e o rio preto mostram a íntima ligação entre as bacias do rio Paraíba do Sul e da Lagoa Feia.
(Fonte: As Lagoas do Norte Fluminense - Perfil Ambiental - Projeto Planágua/Semads)


CACHOEIRA NO RIO PRETO - CAMPOS DOS GOYTACAZES

Um comentário:

  1. Muito bom esses matas da hidrografia, você tem esse mapas em resolução que dê pra ler as lagoas e os rios?

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