1- Aspectos do Maior Conflito da Humanidade:
A 2ª Guerra Mundial começou em Gdansk, às 04:45 h de 1º de setembro de 1939, quando um navio alemâo atacou um forte polonês, e terminou em Tóquio, ao meio dia de 15 de Agosto de 1945, quando o Imperador Japonês se rendeu a bomba atômica americana. Portanto esse mês marca setenta anos do início do conflito mais destrutivo já ocorrido em nosso planeta. Alguns autores tem revisto esse período derrubando alguns mitos e ampliando conhecimentos a respeito da 2ª guerra mundial.
Para esses autores Hitler não era um gênio do mal, mas um estrategista lamentável que levou o exército ao caos. Os judeus não marcharam passivos para as câmaras de gás, milhares contra-atacaram. No dia D, a guerra já estava ganha pelos soviéticos, que mataram dez vezes mais alemães que americanos e britânicos juntos. E foram 70 milhôes, não 40 milhôes de mortos. Vamos conhecer a versão atualizada da segunda guerra mundial.
2- Hitler Mais Sorte do Que Juízo:
A frase acima parece insanidade pois Hitler conseguiu logo no início da guerra tomar metade da Polônia, Dinamarca, Noruega, Holanda, Bélgica,Luxemburgo e França. Assustados Portugal, Espanha, Suiça e Suécia se declararam neutros, o equivalente a um voto em branco onde concorda-se com que vencer. O sucesso fez ver Hitler como um gênio político e militar, comparado a Napoleão, mais os erros considerados cruciais para a derrota da alemanha podem ser atribuídas a conta do Führer. Para estudiosos como Norman Davies (Europa na Guerra), Hitler era um apostador, um blefador, um desavergonhado exibicionista. Mais como explicar os seus sucessos iniciais? Bom é preciso reconhecer que a Blitzkrieg (guerra relâmpago), ataque acelerado e simultâneo de aviões, blindados e soldados, inovou e surpreendeu a todos. E, ainda, que seu inventor fosse o general Heinz Guderian, Hitler teve coragem de autorizá-la. Mas os adversários facilitaram, na tomada da França os exércitos eram até parelhos - 3,3 milhões do eixo contra 2,8 milhões dos aliados, mas a estratégia de defesa era do tempo da 1ª guerra mundial (1914-1918). A vitória nazista foi tão fácil que inspirou a lenda de que os generais franceses haviam entregues seu país. porém depois de um 1º turno bem sucedido o técnico do time alemão adotou a arrogância como tática. É consenso ninguém conseguiria dissuadir o ditador de atacar a URSS, afinal ele já tinha esse plano na cabeça havia tempo, está escrito no livro que escreveu na cadeia em 1924, Mein Kampf (Minha Luta). Pouco importou o pacto de não agressão assinado dois anos antes. Hitler tinha tanta certeza da vitória que fez um agrado aos aliados japoneses e declarou guerra aos EUA, crente que tudo estaria acabado antes que ele tivesse de responder pela fanfarronice.
A EXPANSÃO NAZISTA NO INÍCIO DA 2ª GUERRA MUNDIAL (EUROPA)
(Fonte:Revista Super Interessante, Setembro de 2009)
3- A Grande Virada na 2ª Guerra Mundial:
No livro Hitler as War Lord (Hitler Como Senhor da Guerra), o general FRanz Halder afirma que seu chefe mudou muito após a invasão da URSS. Antes, era atento aos conselhos dos auxiliares. Depois fascinado com seus talentos, passou a seguir seus instintos. Sob seu temperamento volúvel, o alto comando era de alta rotatividade. Veio a obsessão em ocupar Stalingrado, um ponto importante, mas não imprescindível. Na verdade, seus principais acessores militares preferiam como estratégia ocupar o Oriente Médio, garantindo acesso a uma reserva infinita de petróleo e uma segunda rota de entrada na URSS. Mas só de pensar em dominar países cheios de árabes, no seu ranking de racismo, tão desprezíveis quanto os judeus, o Führer mudava de assunto. Preferia pensar nos comunistas. Era questão de honra para ele tomar uma cidade que tinha o nome do inimigo; mais Stálin, outro orgulhosos, ordenou a resistência a qualquer custo. Nas ruínas de Stalingrado a blitzkrieg, eficiente em campos abertos, foi anulada pela guerrilha do exército vermelho, que se animou e virou o jogo da guerra. Na frente ocidental Hitler também fez bobagens, é famosa a história de que ninguém teve coragem de acordar o Führer no dia D, uma das tantas vezes em que o exército foi prejudicado porque as pessoas tinham medo de lhe dar más notícias. Pior Hitler ordenou que os blindados alemães continuassem esperando em Calais o "verdadeiro" desembarque inimigo, os tanques foram presa fácil. Para o historiador britânico Andrew Roberts, Hitler poderia ter vencido a guerra se não fosse tão ariano, um exemplo: ao mobilizar o Estado para matar judeus , ciganos e homossexuais, foram desviados recursos que poderiam estar na guerra e eliminados milhões de possíveis trabalhadores. Além disso a ideologia privou a Alemanha de seus melhores cientistas, judeus como Albetrt Einstein e Leo Szilard. Tolerando físicos "inferiores", um governo menos lunático poderia ter alcançado primeiro a bomba atômica. Desse holocausto fomos poupados.
4- A Resistência Armada Durante a Segunda Guerra Mundial (Guerrilhas):
Os nazistas davam duas opções aos judeus: morrer ou colaborar, para morrer mais tarde. Alguns judeus escolheram matar. Em 20 de janeiro de 1942, 15 oficiais nazistas graduados se reuniram em uma mansão de Wannsee, um aprazível suburbio de Berlim. Pauta do dia: "solução final para a questão judaica". em 90 minutos, o general Reinhard Heydrich relatou os aspectos básicos da operação, que consistia em transportar todos os judeus em território alemão para o leste europeu, onde trabalhariam até morrer, Heydrich enfatizou que contava com todos, deixando subentendido que aquele era o desejo do próprio Hitler. Como todos sabem morreram durante a 2ª guerra mundial cerca de 6 milhões de judeus, a maioria nos campos de extermínio. Mas nem todos tiveram o mesmo destino alguns decidiram contra-atacar. E outros, colaborar com o opressor. Em outubro de 1942, judeus da cidadezinha polonesa de Kamionka sentiram os efeitos da conferência de Wannsee: foram informados de que seriam levados a um gueto em Lubartow. O filho de pequenos comerciantes Frank Bleichman de 19 anos desconfiou e decidiu abandonar a família para se esconder no campo. Mais tarde soube que o destino de seus amigos e familiares era um campo de extermínio. Frank juntou-se a um grupo de 100 judeus que se escondiam em condições primitivas nas florestas da região, um dos vários grupos de guerrilheiros fugidos de guetos e campos de concentração que lutaram contra os invasores nazistas no leste europeu. Tocaiados entre árvores, conseguiram interceptar carregamentos de comida para as tropas alemãs, sabotar usinas elétricas e fábricas, descarrilar trens de inimigos e, qundo possivel, matar alguns nazistas, mas sem denunciar a posição do acampamento.
Esse era o grande drama dos irmãos Bielski, da Bielo-Rússia. No princípio, em 1942, eram só os quatro, Tuvia, Zus, Azael e Aron. Mas seu sucesso começou a atrair gente, gente inclusive sem vocação para se esconder e guerrear no mato e no frio, no auge o grupo chegou a ter 1200 membros, 70% eram velhos, mulheres e crianças. Com tanta gente, era preciso se esconder em regiões muito remotas, como pântanos que os alemães nem sabiam como chegar. Como relatou o guerrilheiro Norman Salsitz: "Quanto pior as condições, melhor para nós". Os caras não procuravam briga, mas não fugiam: calcula-se que chegaram a matar 400 inimigos. Em 1944, quando a Bielo-Rússia voltou a ser dos Soviéticos, o grupo saiu da floresta, sobreviveram aos nazistas. No gueto de Varsóvia em setembro de 1942, começou a evacuação para o campo de extermínio de Treblinka, considerado o mais eficiente, onde 99% eram mortos em até duas horas após a chegada. Esse foi então o gatilho para que se organizassem uma resitência armada. Os guerrilheiros do gueto sabiam que iam morrer, mas dessa vez impuseram um preço pela vida dos judeus. No fim da batalha, 14 mil judeus morreram contra 16 baixas admitidas pelos nazistas. Outros 50 mil foram capturados. Mesmo sendo uma resistência simbólica ela fez ressonar insurreições em mais de 100 outras cidades e vilarejos.
Campos de concentração também tiveram colaboradores. Prisioneiros de confiança da SS chamados "Kapo" recebiam melhores roupas, comida e alojamento para, em troca, supervisionar grupos de prisioneiros. Já nos campos de extermínio, os Sonderkommandos (Comandos Especiais) judeus faziam o que a SS considerava sujo demais, guiar as vítimas às câmaras de gás, depois remover os cadáveres, retirar seus cabelos e dentes, cremar os corpos e jogar fora as cinzas. Isso rendia algumas semanas a mais de vida.
MAPA COM AS MAIS IMPORTANTES GUERRILHAS DE RESISTÊNCIA AO NAZISMO DURANTE A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
(Fonte:Revista Super Interessante, Setembro de 2009)
5- Os Dias (A / B / C / D e E):
A tradição divide a 2ª guerra entre antes e depois de 6 de junho de 1944, quando os aliados desembarcaram no norte da França - o dia D. Até essa data, diz a lenda, os nazistas tinham o mundo na mão. Aí vieram bombardeiros, paraquedistas, navios, aqueles soldados todos morrendo na praia e, graças a esse sacrifício, Hitler perdeu a guerra. Devemos agradecer aos americanos (e seus aliados britânicos, sempre excluídos dos filmes e séries)por vencerem o nazismo? A verdade é que, quando os soldados Ryans apareceram nas praias da Normandia, a guerra já estava ganha. Tudo graças a batalhas sangrentas, gigantescas e pouco conhecidas, travadas do outro lado do continente, em que os soviéticos derrotaram e mataram muitos alemães, foram 4 milhões de baixas nazistas no leste, contra 400 mil no oeste. "se justiça fosse feita, todos os livros sobre a 2ª guerra mundial na Europa devotariam três quartos à frente oriental" escreve Norman Davies em Europa na Guerra.
* O Dia A:
Ocorreu 16 meses antes do dia D, em 2 de fevereiro de 1943. Foi o fim da Batalha de Stalingrado, a mais mortal de todos os tempos. Após passarem o inverno empacados, pela primeira vez os nazistas souberam o que era se render. E começava a marcha soviética de 2 mil quilômetros até Berlim.
* O Dia B:
Mais nesse caminho tinha uma pedra dos nazistas que ainda acreditavam na vitória e prepararam uma emboscada perto da cidade de Kursk, quase fora da Rússia. Foi a maior batalha de blindados de todos os tempos, 3 mil para cada lado, mas o dia B, em 4 de julho de 1943, terminou com uma vantagem decisiva para os comunistas.
* O Dia C:
Depois de Kursk, a superioridade já era tanta que a União Soviética determinou o dia C, uma investida com data simbolicamente marcada para o dia 24 de dezembro de 1943, a fim de estragar a véspera de Natal do eixo,essa investida conseguiu atravessar as estepes ucrânianas destruíndo 18 divisões e comprometendo outras 68.
* O Dia D:
Foi o desembarque das tropas aliadas (americanos e britânicos) na Normândia em 6 de junho de 1944.
* O Dia E:
O dia E, foi a data de rendição do japão: 9 de agosto de 1945.
_ Os comunistas venceram a guerra com sacrifício de muitas vidas, números hoje calculados em cerca de 27 milhões de mortos. A Ucrânia, foi o país mais castigado, perdeu 30% de sua população, em comparação a Alemanha derrotada, não perdeu mais que 10%.
MAPA MOSTRANDO OS DIAS A / B / C e D - OCORRIDOS NA EUROPA.
(Fonte:Revista Super Interessante, Setembro de 2009)
6- A Participação Brasileira na 2ª Guerra Mundial:
A relação dos brasileiros com a segunda guerra mundial varia entre a patriotada (em que as vitórias brasileiras mudaram o destino da guerra) e o complexo de vira-lata (em que um bando de trapalhões foi passear na Europa). Nem tanto à direita nem tanto à esquerda. Os brasileiros realmente foram para o norte da Itália fazer um papel secundário e, em condições tão adversas, até que não foram mal. Não foi por desencargo de consciência que o Brasil entrou em um conflito com o qual não tinha nada a ver. Ele queria algo em troca, por ele, entenda-se Getúlio Vargas, presidente do Brasil de 1930 a 1945. Durante um tempo prevaleceu a corrente que dizia que Getúlio, que afinal de contas era um ditador, queria se aliar ao Eixo, mas teria sido impedido pela opinîão pública. Na verdade, ele era mais esperto; ficou numa posição ambivalente, até que alguém lhe desse motivo para decidir. No caso foram os E.U.A, que, além do conhecido apoio financeiro e técnico para a construção de uma siderúrgica, acenaram com a possibilidade de o Brasil ter destaque na futura Organização das Nações Unidas. Bom a CSN está lá em Volta Redonda, já nossa cadeira no Conselho de Segurança da ONU segue um sonho.
Mas os nazistas não perdoaram. Em agosto de 1942, submarinos alemães afundaram 6 navios brasileiros, matando 607 pessoas - até o final do conflito, seriam 31 embarcações. O povo exigiu, e o Brasil declarou guerra, o único latino-americano a enviar tropas. Que só partiram quase dois anos depois, em julho de 1944. O motivo: não havia homens suficientes que preenchessem os requisitos de ter pelo menos 60 quilos, 1,60 metros e 26 dentes. Além disso, o sujeito precisava ser capaz de ler mapas e utilizar bússola, com isso o Brasil enviou 25 homens para a Europa.
A Força Expedicionária Brasileira (FEB) desembarcou em Napóles, e foi incorporada ao 5º Exército dos E.U.A que combatia os nazistas na Itália. Quase toda a guerra da FEB foi realizada em montanhas. "No nosso treinamento, nunca se falou em montanhas" disse o pracinha Newton Lascaléia em depoimento ao historiador César Maximiano. Aliás o treinamento foi bondade do seu Newton; os brasileiros chegaram lá totalmente despreparados; os soldados não conheciam direito seus armamentos e os oficiais precisaram aprender um jeito novo de organizar seus batalhões, em sintonia com as guerras modernas. Os pracinhas não tinham roupas para suportar um inverno de -20º C e tiveram que pedir roupas emprestadas ao Exército dos E.U.A, que aliás cuidavam também da saúde dos pracinhas. Após tentar e não conseguir tomar Monte Castelo por três vezes, os brasileiros esperaram a primavera para ter sua vitória mais famosa. Depois dessa experiência foi só vitória, com seus 25 mil homens a FEB enfrentou 239 dias de combate, encarou 10 divisões alemãs, 3 divisões italianas e somou 20,5 mil prisioneiros em combate, teve quase 2 mil baixas, mais de 400 mortos e cerca de 1,5 mil feridos.
A PARTICIPAÇÃO DA FEB NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
(Fonte:Revista Super Interessante, Setembro de 2009)
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